Bruxelas será palco, no próximo dia 3 de junho, da terceira edição da Semana da Amazônia
Bruxelas será palco, no próximo dia 3 de junho, da terceira edição da Semana da Amazônia, um evento que busca conectar a região amazônica ao mercado europeu, promovendo a bioeconomia como modelo de desenvolvimento sustentável global e inclusivo.
A iniciativa, que acontece num momento crucial de preparação para a COP30, que será realizada em Belém do Pará em novembro de 2025, evidencia a relevância da Amazônia no debate internacional sobre o clima, na proteção da biodiversidade e no fomento do desenvolvimento sustentável. Durante a programação, será possível conhecer casos concretos e histórias de sucesso da sociobioeconomia amazónica.
O evento, que terá lugar no Thon Hotel EU, é organizado pela Missão do Brasil junto à União Europeia, em parceria com postos diplomáticos do Brasil, com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), com o Instituto Clima e Sociedade (iCS) e com o Instituto Paulo Martins.
O encontro ocorre logo após o Fórum de Investimentos Brasil-Europa em São Paulo e a visita oficial do presidente do Conselho Europeu, António Costa, ao Brasil — refletindo a crescente atenção internacional à pauta amazônica.
Bioeconomia no centro do debate
A programação de 3 de junho será dividida em dois painéis principais:
14h30 - 15h45 | Mudanças climáticas, florestas e a bioeconomia amazônica: desafios para a COP30
O painel reunirá especialistas para discutir sobre o desmatamento, que representa até 15% das emissões globais de gases de efeito estufa, e como a vulnerabilidade das florestas às mudanças climáticas impacta diretamente a Amazônia. O objetivo será explorar as interconexões entre as tendências climáticas, ambientais e econômicas, com foco nos três pilares do desenvolvimento sustentável: sustentabilidade social, econômica e ambiental.
16h15 - 17h30 | Da Proteção Florestal ao Comércio Sustentável: Potencializando a Bioeconomia da Amazônia para Além de Suas Fronteiras
O painel estará centrado em como a biodiversidade da Amazônia pode apoiar o desenvolvimento sustentável por meio de uma bioeconomia sustentável e inclusiva. Com base nos esforços de proteção florestal, destacará a transformação do conhecimento local e dos recursos naturais em produtos de
valor agregado que possam alcançar mercados globais sob os princípios do comércio sustentável e da responsabilidade ambiental.
Os principais temas incluem a ampliação do acesso ao mercado para produtos de origem florestal, o investimento na capacitação de comunidades locais e o estímulo à inovação e pesquisa científica. O painel também sublinhará como a cooperação internacional pode apoiar cadeias de valor equitativas, permitindo que a Amazônia contribua significativamente tanto para o desenvolvimento regional como para as metas climáticas globais.
A Amazônia é estratégica para o desenvolvimento sustentável global, e sua rica biodiversidade representa uma das maiores oportunidades para promover um modelo de crescimento econômico baseado na inclusão social, na conservação ambiental e no respeito às comunidades locais — destaca Jorge Viana, Presidente da ApexBrasil.
A bioeconomia amazônica, ancorada no conhecimento tradicional e nos recursos naturais da floresta, tem dado origem a iniciativas concretas que geram rendimento, sustentam a floresta e demonstram grande potencial. Pequenos e médios empreendimentos têm mostrado que é possível aliar conservação e prosperidade, especialmente quando contam com o apoio de parcerias internacionais e de investimentos com impacto positivo.
Para a Associação dos Negócios de Sócio-bioeconomia da Amazônia – ASSOBIO, a Amazônia é o terreno mais fértil, em todos os sentidos, para a consolidação da bioeconomia no Brasil. A região abriga entre 100 e 120 cadeias produtivas distintas, com matérias-primas únicas, tradições milenares e uma capacidade de inovação que brota das comunidades.
A vice-presidente da ASSOBIO, Pricila Almeida, destaca a importância dos negócios relacionados à bioeconomia da Amazônia como fonte de renda para quem vive na região. “Todos os 75 empreendimentos conectados à ASSOBIO foram responsáveis pela geração de mais de R$ 10 milhões em renda por ano, criaram mais de 600 empregos diretos na região e impactaram positivamente a vida de cerca de 87 mil pessoas. A associação vê no setor um potencial estratégico para a geração de renda, inclusão produtiva e inovação em larga escala. O crescimento acelerado é um indicativo do dinamismo do setor: em pouco mais de um ano, o número de associados triplicou, com expectativa de alcançar 100 negócios ainda em 2025”, afirma Pricila.
“Para a ASSOBIO, o lucro não é um fim, mas um meio de regenerar a floresta, empoderar comunidades e sustentar marcas com propósito, promovendo desenvolvimento econômico real para quem produz na Amazônia. Nós, da ASSOBIO, defendemos, com firmeza, o oposto da comoditização e da exploração
predatória: acreditamos que a floresta em pé, com conhecimento, inovação e valor agregado, vale muito mais, econômica, social e ambientalmente, do que qualquer modelo baseado na degradação”, enfatiza a vice-presidente da ASSOBIO.
Levar a temática da Amazônia ao centro do debate europeu tem como objetivo atrair investimentos estratégicos — privados e filantrópicos — que possibilitem estruturar e escalar a biossocioeconomia da floresta. Promover o acesso ao mercado europeu é essencial para fortalecer cadeias de valor sustentáveis, superar barreiras comerciais, atender a exigências regulatórias e melhorar a logística de produtos amazônicos.
“Além do seu papel climático, da sua biodiversidade e da sua beleza, a Amazônia brasileira guarda milhares de negócios modernos e exportadores. A bioeconomia amazônica - desde o extrativista de castanha morando na floresta até os produtores de frutas amazônicas liofilizadas - oferece ao mundo produtos saudáveis, de alta qualidade e competitivos. E, simultaneamente, esses empreendimentos colaboram para a preservação da floresta e para o desenvolvimento social das pessoas que nela vivem”, destaca Pedro Netto, Representante do Escritório da ApexBrasil para a Região Norte. “A ApexBrasil tem buscado trazer cada vez mais oportunidades do mercado global para essas empresas, e é muito gratificante divulgar histórias de empreendedores que geram impactos positivos para a floresta e para o mundo”, complementa.
Neste ano, a Semana da Amazônia presta também uma homenagem ao fotógrafo Sebastião Salgado, cuja obra retrata com sensibilidade e profundidade a vida e a natureza da Amazônia.
Além das autoridades que estarão presentes, o evento irá reunir representantes da sociedade civil, academia, setor público e privado. Algumas das instituições que estarão presentes incluem: Imaflora, ICMBio, Amazônia 2030, APEXBrasil, ASSOBIO, Sociobiohub e Wallonie-Bruxelles International.